CASO
CLÍNICO – PROCAINAMIDA
Paciente: AFS; Sexo: Feminino; Idade:
58 anos; Peso: 70 Kg
Paciente diagnosticada com arritmia
cardíaca a algum tempo, é usuária de um medicamento antiarrítmico da classe IA a
quase 6 meses, a procainamida 0,5g a cada 12 horas (VO). Dá entrada na unidade
de emergência queixando-se de inchaço
e rigidez articular, dores musculares, anemia, aparecimento de hematomas e febre.
Solicitado exame laboratorial foram encontrados anticorpos antinucleares
circulantes, constatando diagnóstico de Lúpus eritematoso sistêmico
medicamentoso. Evoluindo para
Insuficiência Renal Aguda.
Exames laboratoriais: Velocidade de
Hemossedimentação (VHS), FAN (fator anti-núcleo),
VDRL e Dosagem de complemento e Hemograma e
EAS.
LAUDO
DE RESULTADOS DE EXAME
CONTROLE TERAPÊUTICO DA PROCAINAMIDA
Fonte: 1- GOODMAN AND GILMAN. The Pharmacological
Basis of Therapeutics,
8.ed McGraw-Hill,1996.
PROCAINAMIDA – ASPECTOS GERAIS
A
procainamida é um antiarrítmico da classe IA utilizado no tratamento de taquicardia
atrial e ventricular recorrente, taquicardia paroxística supraventricular não
controlada. Seu mecanismo de ação é
semelhante ao da quinidina, pois aumenta o limiar de potencial de membrana,
reduzindo a excitabilidade e a velocidade de contração das fibras de Purkinje e
no músculo ventricular.
A
procainamida também é rapidamente excretada através das vias renal e hepática,
na sua forma inalterada (T ½ = 3 a 4 horas). Mais de 50% é excretada em sua
forma inalterada na urina, por conseguinte, é necessária uma administração mais
frequente que a da quinidina. O NAPA, seu principal metabólito é eliminado
através da via renal com T ½ de 6 a 10 horas. Em pacientes com insuficiência
renal a procainamida e o NAPA podem se acumular no organismo em concentrações
potencialmente tóxicas. (GILMAN et al, 1996)
De
acordo com os protocolos de rotina deve ser dada uma dose inicial de 20 mg /
min por via intravenosa (iv) até que a arritmia desapareça. A dose de
manutenção deve ser individualizada de acordo com necessidades dos pacientes. A
redução da dose pode ser necessária em pacientes idosos e com insuficiência
renal em hepática, renal ou cardíaca.
DISCUSSÕES DO CASO
Em
pacientes com insuficiência renal o NAPA pode acumular-se até concentrações
plasmáticas potencialmente tóxicas. A redução da dose de procainamida e da
frequência da dosagem e o monitoramento das concentrações plasmáticas de ambos
os compostos são necessários nessa situação.
A
procainamida pode causar uma síndrome que superficialmente se assemelha ao
lúpus eritematoso sistêmico. O LES induzido por drogas é reversível quando a
procainamida é interrompida. No mínimo 60 a 70% dos pacientes que recebem
procainamida desenvolvem anticorpos antinucleares após 1 a 12 meses de
tratamento. O desenvolvimento isolado de anticorpos antinucleares é razão
insuficiente para interromper o tratamento com procainamida, porém os riscos e
benefícios do tratamento devem ser avaliados, e a procainamida é geralmente é
interrompida quando os pacientes se tornam sintomáticos.
Meia
vida prolongada, Clearence plasmático diminuído e meia vida biológica
aumentada, estão diretamente ligadas a insuficiência renal. O paciente já havia sido
diagnosticado com arritmias a algum tempo e foi admitido queixando-se de
sintomas que estão intimamente ligados com o lúpus eritematoso sistêmico
medicamentoso. Conclui-se então que o antiarrítmico Procainamida (VO)
que estava em uso, poderia ser substituída por outra da mesma classe, evitando
a elevada incidência de lúpus eritematoso medicamentoso.
A
monitorização terapêutica da procainamida é indicada para avaliar entre o baixo
índice de terapêutico (Lúpus eritematoso), além de demonstrar seu acúmulo em
pacientes com Insuficência renal.
MONITORAMENTO
Suporte Farmacológico
Coletas
de amostras sanguíneas para monitorização terapêutica através de análises da
procainamida por HPLC ou imunoensaios. Investigação farmacocinética do fármaco
através de amostra de sangue realizada em momentos estratégicos e definidos
pelo laboratório.
REFERÊNCIAS
- · GOODMAN AND GILMAN. The Pharmacological Basis of Therapeutics, 8ª.ed McGraw-Hill,1996.
- · BURTIS, C.A; ASHWOOD. E.R. Tietz. Fundamentos de Química Clínica, 4ª ed., 1998.
- · SILVA, P. Farmacologia. Rio de Janeiro, 6 ª ed, Guanabara Koogan, 2002.
- · MORREAU R; CIQUEIRA M. Toxicologia Analítica. Ed. Guanabara Kiigan, 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário