domingo, 1 de abril de 2012

OS TOXICANTES NAS DIVERSAS ATUAÇÕES DO FARMACÊUTICO

Entre os possíveis toxicantes que podem acometer o farmacêutico, considerando as diversas áreas de atuação, descreva como deve ser feita a monitorização biológica deste profissional.

TOXICANTE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA - XILENOS

Xilenos

Informações Gerais

Os xilenos ou dimetilbenzenos apresentam-se em três formas isômeras: orto, meta e paraxileno. É um líquido incolor, com odor adocicado, aromático. O xilol, produto comercial é uma mistura desses isômeros, sendo seu maior constituinte o isômero metaxileno (60%).

Usos: são largamente usados como solventes para tintas, vernizes, indústria de tinturas e corantes, preparados farmacêuticos, indústria plástica, produção de ácidos itálicos, fibras sintéticas etc. Na indústria do petróleo são usados como aditivos combustíveis com alta octanagem e como solventes em análises laboratoriais.

Na indústria farmacêutica e de cosméticos é usado na produção de medicamentos e perfumes. É usado também como matéria-prima para ácido tereftálico; síntese farmacêutica; inseticida.

Grau de insalubridade

Médio.

Grau de Risco para a Saúde (API)

Moderado à exposição excessiva aguda e crônica.

Classificação de Carcinogênese Ocupacional (ACGGIH/95-96)

Não classificado como carcinogênico para o homem.

Limites de Tolerância

LT-MP ou TLV-TWA (ACGIH/95-96) = 100 ppm, 434 mg/m3

LT-ECD ou TLV-STEL (ACGIH/95-96) = 150 ppm, 651 mg/m3

IDLH = 1.000 ppm

MAC (Rússia) = 50mg/m3

LT-NR 15 (Brasil) = 78 ppm, 340 mg/m3

Toxicocinética e Toxicodinâmica

Exposição Aguda

A principal via de penetração é a respiratória, e estudos com voluntários humanos mostraram que, por esta via, cerca de 60% dos xilenos são absorvidos rapidamente. O xileno é muito solúvel no sangue e nos tecidos, especialmente o adiposo (gorduroso).

Também são absorvidos pela pele íntegra na forma líquida e na forma de vapor. A pele lesada possibilita uma absorção três vezes maior.

O mecanismo de distribuição dos xilenos no organismo humano ainda não é claro. Estudos com animais de laboratório mostraram que eles podem ser encontrados em quase todos os orgãos. Contudo, a maior quantidade foi encontrada na medula óssea, no cérebro e baço.

A biotransformação dos xilenos é similar à do tolueno. Do total absorvido, 955 são metabolizados e menos de 5% são eliminados inalterados pelos pulmões. O xileno é metabolizado por oxidação de um grupo metila para o correspondente orto, meta ou para-ácido tulóico, que se conjuga com a glicina e é eliminado na urina na forma de orto, meta ou para-ácido metil hipúrico, a maior parte nas primeiras oito horas após a exposição.

Os efeitos agudos na exposição ao xileno são similares aos do benzeno, surgindo fadiga, tontura, tremores e embriaguez. Em elevadas concentrações, ocorre inconsciência e morte por depressão do sistema nervoso central, devido à parada respiratória. Outro mecanismo de morte é a arritmia cardíaca (fibrilação ventricular). A exemplo dos outros solventes, possuem poder irritante nas mucosas das vias respiratórias, na pele e nos olhos. O xileno provoca vasodilatação e ocorre sensação de aquecimento no corpo e avermelhamento da face.

Existem descritos na literatura danos ao miocárdio e endocardite em exposições severas. Os vapores do xileno provocam irritação ocular, lesão de córnea e fotofobia.

A aspiração do xileno para os pulmões provoca edema pulmonar, pneumonite e hemorragia.

Exposição Crônica

Sobre a pele, o contato prolongado com forma líquido leva a desengorduramento, causando fissuras, securas, dermatites e eczema.

Os xilenos não são tóxicos para a medula óssea, e os distúrbios hematológicos encontrados são anemias, com diminuição da hemoglobina e das hemácias. Há referência de anemia aplásica no passado, quando o xileno era contaminado por grande quantidade de benzeno.

Os distúrbios mais comuns na exposição crônica aos vapores dos xilenos são fadiga, dor de cabeça, irritabilidade, fraqueza, perda de memória, sonolência, distúrbios do equilíbrio, zumbido, náuseas e perda do apetite.

Alguns atores referem anormalidades cardiovasculares, dilatação da aorta e alterações no tamanho do coração.

Na via respiratória surgem bronquite crônica e diminuição do volume expiratório.

O xileno apresenta efeitos hepatotóxicos por adição com o etanol, quando este é usado abusivamente nas bebidas.

Em nível psiquiátrico surgem alterações em testes psicológicos, com performance diminuída em reações simples de tempo.

No aparelho reprodutor surgem infertilidade, anormalidades fetais, patologias renais em crianças cujas mães foram expostas. Grávidas expostas a concentrações acima do limite de tolerância apresentam hemorragia ginecológica e ameaça de aborto. Há na literatura referência a casos de linfoma em mulheres expostas.

O xileno diminui a resistência imunológica do organismo, tornando-o suscetível a vários tipos de fatores patogênicos.

Há referência na literatura a casos de hepatotoxidade após a ingestão, abuso na inalação (“cheiradores”) e exposição ocupacional.

A exposição crônica a elevadas concentrações leva a acúmulo da substância em todos os orgãos, principalmente glândulas supra-renais, medula óssea, baço em tecidos nervosos.

Controle da exposição e Prevenção de intoxicação

Usar EPI’s (roupas impermeáveis, luvas, óculos de segurança, máscaras com filtro químico). Além de medidas de controle ambiental.

Primeiros Socorros

Na inalação

Remover a vítima imediatamente da exposição. Administrar oxigênio e ressuscitação cardiopulmonar, se necessário. Se houver depressão do sistema nervoso central, instituir medidas de suporte, com intubação, ventilação assistida e monitorização cardíaca.

Na ingestão

Não induzir o vômito devido ao risco de aspiração do conteúdo gástrico para os pulmões. A lavagem gástrica é indicada quando o paciente ingere grande quantidade, mais de 5 mL da substância em sua forma pura, ou se há contaminação do xileno por percentual importante de benzeno.

O potencial de toxicidade da quantidade ingerida deve ser avaliado em razão do risco de aspiração pela lavagem gástrica.

O carvão ativado em solução pode ser útil. Contudo, em alguns casos, o carvão provoca vômito.

No contato com a pele

Remover a roupa contaminada. Lavar profundamente a área atingida com água e sabão.

No contato com os olhos

Lavar com água corrente.

Controle biológico

- Dosagem urinária do ácido metil hipúrico: IBMP (NR-7) = 1,5g/g creatinina (sua determinação quantitativa pode ser usada como índice para a avaliação da exposição ao xileno - Metodologia: HPLC)

- Dosagem do xileno no sangue;

- Dosagem do xileno no ar exalado.




Referências:

MICHEL. O. da R. Toxicologia ocupacional. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.

www.anvisa.gov.br

http://www.labhpardini.com.br/lab/toxicologia/hipurico.htm

http://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/produtos/ficha_completa1.asp?consulta=XILENO%20(PARA)

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